#Jovensprofissionaisdapreservação - Susana Cerqueira Santos

E hoje teremos mais um excelente depoimento da série #Jovensprofissionaisdapreservação com a Conservadora-restauradora Susana Cerqueira Santos!

Sou bacharela em Conservação e Restauração pela Escola de Belas Artes da UFRJ, me formei nos primeiros meses da pandemia de Covid 19, em julho de 2020, tudo ainda estava muito incerto. Minha pesquisa para o trabalho de conclusão de curso permeou o campo da Ciência da Conservação, onde investiguei a viabilidade do uso de fármacos como inibidores de corrosão para esculturas em bronze junto ao Laboratório de Estudos em Ciências da Conservação (LECIC/EBA/UFRJ) e o Grupo Interdisciplinar de Educação, Eletroquímica, Saúde, Ambiente e Arte (GIEESAA/IQ/UFRJ).

Ambos os laboratórios da UFRJ, criados a partir do desejo de pesquisar e divulgar estudos, mas com pouco fomento das instituições. Atualmente, as universidades buscam custear o orçamento básico de manutenção dos seus prédios, o que é agravado pelo desmonte da educação pública nos últimos anos, vide a diminuição das verbas destinadas para tal, assim como para os órgãos de pesquisa. Jovens profissionais que buscam continuar na pesquisa acadêmica sofrem com a baixa remuneração por seus trabalhos. No entanto, apesar do desmonte, as universidades públicas formam profissionais capacitados para atuar na preservação do patrimônio cultural. Por exemplo, o Museu Nacional, que foi fatalmente destruído pelas chamas em 2018, foi o meu primeiro contato com Conservação e Restauração e que me levou à graduação na UFRJ.

No Museu Nacional há práticas de Educação Patrimonial, que acredito ser um dos maiores mecanismos de promoção da preservação do patrimônio. Durante as pesquisas acadêmicas que desenvolvi na UFRJ, apresentei diversos trabalhos em encontros e seminários na área, o que foi fundamental para compreender os caminhos que são percorridos pelos profissionais atuantes e o refletir como seria minha atuação profissional. Neste percurso ganhei menções honrosas pelos trabalhos apresentados.

Já minha atuação profissional iniciou um pouco antes da minha titulação como bacharela, fui Assistente de Restauração nas edificações históricas da Fiocruz, participei também de projetos curtos em diferentes instituições no Rio de Janeiro. Como na conservação dos bens integrados da fachada principal do Ministério da Economia, na conservação curativa no conjunto documental referente a Independência do Brasil no Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty, na restauração do painel modernista em prédio residencial e no muro de alvenaria em pedra do Jardim Botânico, entre outros. A atuação em projetos temporários, nos últimos tempos, é o meio que jovens formandos se inserem na carreira profissional, trabalhando com equipes multidisciplinares.

O pouco investimento dos governos em preservação resulta na degradação do patrimônio brasileiro que tenta sanar a lacuna imensa de profissionais nas instituições com os projetos que resolvem parte do problema. Tenho atuado com tipologias diferentes de materiais, sito acervos em suporte de papel, bens integrados à arquitetura e esculturas. Considerando a oferta de trabalho atual, o jovem profissional deve buscar aprimorar seus conhecimentos em uma vasta gama de materiais para conseguir se inserir no mercado e deve atualizar-se frequentemente.

Uma vez que a profissão ainda não é regulamentada no Brasil, nós, jovens profissionais temos a missão de divulgar e lutar pelo projeto de lei n° 1183/2019 de Regulamentação da profissão de Conservador-Restaurador, bem como do técnico em conservação-restauração. Vemos inúmeras intervenções feitas por profissionais de outras áreas, que apesar do desejo de preservar o patrimônio cultural, não aplicam os conceitos básicos da Conservação-Restauração. Assim poderemos garantir que o patrimônio cultural será devidamente preservado para as próximas gerações e que teremos reconhecimento necessário para trabalhar.

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