O #HangoutWithAPOYOnline deste mês é com a voluntária da APOYOnline Lénia Fernandes:
1) Acreditamos que uma pessoa com atuação tão consolidada e com tanto conhecimento na área de preservação como você dispensa apresentações, mas, por favor, comente brevemente sobre você e sua trajetória a partir de sua própria visão e experiência:
Eu sabia que estava interessada no campo da conservação de fotografias desde muito jovem, mesmo que não soubesse como se chamava ou como fazê-lo. É difícil para mim acreditar que comecei a estudar conservação há quase vinte anos. Quando finalmente me formei em Portugal, a Crise Financeira Global de 2007-2008 afetou tudo e todos. Eu tinha que procurar oportunidades em lugares desconhecidos se quisesse obter experiência de trabalho relacionada ao assunto pelo qual eu mais gostava. Fui um pouco ingênua, mas também perseverante e disposta a correr riscos. Mas tenho certeza que só consegui seguir em frente graças ao apoio de amigos e familiares, sem contar com uma boa dose de sorte. Depois de doze anos a trabalhar no estrangeiro em museus e arquivos, regressei a Portugal para me juntar ao mundo académico e fazer um doutoramento relacionado com diapositivos a cores. Também ensino e dou workshops de vez em quando.
2) Em poucas palavras, como você definiria o atual momento do campo da preservação na América Latina?
Como trabalhei muito tempo na Alemanha e na Holanda, não tenho experiência pessoal com as situações que envolvem o campo da preservação nos países latinos. Minha compreensão disso vem das experiências que são compartilhadas por outros colegas. Eu sinto que definitivamente houve algum progresso, mas muito mais ainda precisa ser feito.
3) O que você espera para o campo da preservação na América Latina nos próximos 30 anos?
Espero ver mais oportunidades, mais conexões e mais reconhecimento para todos.
4) Você poderia indicar três publicações que nortearam sua carreira na área de preservação?
Como estudante de conservação, Conservação de Coleções de Fotografia de Luis Pavão (1997) foi uma revelação absoluta, a porta de entrada para querer aprender cada vez mais sobre fotografias antigas. Pego minha cópia de Twentieth-Century Color Photographs: Identification and Care, de Sylvie Pénichon (2013), com bastante frequência. É um livro maravilhoso que leva você a uma jornada pelas ideias malucas que as pessoas tiveram para criar imagens fotográficas com cores. E, finalmente, preciso mencionar Words Matter: An Unfinished Guide to Word Choices in the Cultural Sector, de Wayne Modest e Robin Lelijveld (eds., 2018). Todos nós precisamos estar cientes das palavras que usamos e como elas muitas vezes são humilhantes para os outros.
5) Que mensagem você gostaria de deixar para os jovens que trabalham na área da preservação?
Perseverança e bondade compensam. Pode parecer improvável, mas é possível conseguir uma posição pela qual você seja altamente atraído, mesmo que não corresponda completamente à descrição do trabalho. É muito bom conhecer pessoas com muito conhecimento, melhor ainda conhecer quem está disposto a compartilhar.