O #HangoutWithAPOYOnline deste mês é com a voluntária do APOYOnline Cristina Lara Corrêa:
1) Acredito que uma pessoa tão consolidada e conhecida no campo da preservação como você dispensa apresentações, mas, gostaria que você comentasse brevemente sobre sua trajetória a partir da sua própria visão e vivência.
Desde menina, as mais diversas manifestações artísticas me atraíam, assim como o envolvimento com pessoas de vivência vigorosa e curiosa, por suas histórias e memórias, pela relação entre diferentes familiares, amigos ou colegas. Adorava escutar o significado afetivo no qual guardavam determinados objetos ou oralidade em casa ao contextualizá-los.
Tive o privilégio de desfrutar desde muito jovem teatros, concertos, cinemas e rodas familiares. O que mais me encantava eram as partilhas sobre dança, movimento, música e artes através das mulheres da minha família. Foi assim que, ao final da escola fundamental, além da dança passei a frequentar cursos de história da arte e busquei formação específica. Estudei em instituições nacionais e internacionais que me permitiram tatear e me aproximar dos mínimos pormenores que a matéria e a imaterialidade sejam capazes de desvendar. E assim sigo, sempre e somente na conservação preventiva, uma aprendiz, curiosa, a fim de dinamizar aprendizagens acessíveis e simples para qualquer ser senciente.
2) Como você definiria o atual momento do campo da preservação latino-americano em poucas palavras?
Acredito que nos últimos 25-30 anos o campo da museologia e da preservação cresceu e se profissionalizou. O interesse multiplicou-se ao percebermos nosso poder de união e partilha de conhecimento. Sem a menor dúvida, a APOYOnline teve papel fundamental ao disponibilizar o acesso a artigos científicos e referências bibliográficas em língua portuguesa e espanhola além daquelas habituais, a participação em congressos e as frutíferas trocas de saberes entre técnicos e profissionais da área. Sem dúvida, o recurso disponível da tecnologia da informação trouxe infinitas possibilidades para dialogarmos e construirmos reflexões com o propósito de aplicá-los e disseminá-los.
3) O que você espera para o campo da preservação latino-americano nos próximos 30 anos?
Espero que possamos manter e preservar aquilo que possuímos de maneira cuidadosa, pois tão breve nossa “memória” contará um pouco sobre nossa história pessoal, social e política. Apesar de ser uma área de recursos limitados, a força coletiva daqueles que acreditam nesta particularidade é um grande impulsionador de ações duradouras.
4) Você poderia indicar três publicações que nortearam a sua carreira dentro do campo da preservação?
Certamente o material cuidadosamente disponibilizado pela APOYOnline https://apoyonline.org/pt_BR/ , a escola de pensamento da Sociomuseologia da Universidade Lusófona de Lisboa https://museologia-portugal.net/ e o CCI – Instituto Canadense de Conservação https://www.canada.ca/en/conservation-institute.html são referências sine qua non para o campo da preservação.
5) Qual a mensagem para os jovens atuantes no campo da preservação você gostaria de deixar?
Espero que possamos ser reflexos de nossas memórias, uma caixinha de ressonância de nossas vivências e coparticipação de saberes. Que possamos coletivamente facilitar o conhecimento de maneira imparcial e linguagem acessível com humildade e resiliência. Sejam muito bem-vindos a esse universo encantado!